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A Arrelia do Quico

Somos todos filhos do Sol e amigos do Ventor

A Arrelia do Quico

Somos todos filhos do Sol e amigos do Ventor

 

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O Quico continua a observar-nos

Ele eras o mais lindo dos meus amigos. Eras o mais belo companheiro que qualquer pessoa gostaria de ter

 

 

 

 

Quico o gato Companheiro do Ventor

Hoje tenho outro companheiro, amigo do coração, a que vim a chamar Pilantras.

A tua Dona diz que foste tu e a deusa Bastet que o enviaste para nós. Parece que o nosso amigo Pilantras continua a querer  ser tal  como tu eras.

Eu até acho que foste tu que lhe deste instruções para saber conviver comigo. Em muita coisa são muito parecidos. Pelo menos, tudo indica que sim.

Mas tu adoravas animais e ele não. Nunca me esqueço da tua luta para eu salvar o besouro a afogar na água entre os tronquinhos de bambu

 

Aqui estão as janelas da Grande Caminhada do Ventor

Domingo de Páscoa

O dia aqui está lindo!

Muita gente precisará deste solinho que eu e o Ventor temos aqui. Nem todos por esse mundo fora terão um solinho destes.

Muitos terão muitas amêndoas, outros terão 2 ou 3 mas, se calhar, muitos mais nem as verão!

Ou eu ou o Ventor, temos desejado aqui, castanhas para todos pelo S. Martinho e, também nesta Páscoa, ele e eu, gostaríamos que todos tivéssemos amêndoas!

Para aqueles que não têm, eu vou fintar o Ventor!

Ele pediu-me para mandar 3 amêndoas para cada um de todos que por aqui têm passado e também para todos que ainda não passaram. Mas, como sabem, está na hora da minha sorna e, como temos aqui um belíssimo hóspede, o Rafinho da Joana, vou dizer ao gajo que passei estes anos todos a distribuir amêndoas e, por isso, este ano, terá de ser ele.

Se o Ventor sabe que ponho um hóspede a trabalhar, mata-me! Mas o gajo prometeu-me que não lhe dizia e até me disse que, se isso é função do coelhinho da Páscoa, porque teria de ser um gato rançoso a fazê-lo. Já viram o que ele me chamou? Gato rançoso!

 

E agora como faço? Como faço o transporte das amêndoas? Quem me mandou a mim meter-me com um gato, cheio de ronha? Ainda por cima nem posso perguntar ao Ventor como se faz isto. Ainda o outro dia cheguei a este mundo já estou metido em apuros! Porque não fiquei antes a guardar a jinginha de Óbidos que ofereceram ao Ventor! Bem o melhor é começar por um lado. Como é que o Quico diria? Ah! Cá vou eu Maralhal!

Mas quando o Rafinho souber as amêndoas que vai ter de distribuir, passa-se!

Tu, tu e tu, e catu e mais tu ... tomem as amêndoas do Ventor

Por isso, meus amigos, não digam ao Ventor que eu fiz que este nosso hóspede se transforma-se em coelhinho da Páscoa. Aceitem as amêndoas que ele é porreiro! Malcriado, mas porreiro!

Beijinhos para as senhoras e abraços para os cavalheiros.

E uma Páscoa Feliz para todos.

Ah!!! Tratem bem o Rafinho!


O Quico também sonhou ao lado do Ventor. A vida solitária e nefasta dos seus amigos que observava do seu Miradouro, foi sempre, a sua grande arrelia

A Galinha d'Água Voltou

Está aqui, perto de mim.

 

Uma beleza a galinha d'água, mesmo aqui em frente ao meu miradouro

Daqui também vejo os patos e as garças que vêm e vão e vão e vêm, tal como as gaivotas. Ontem, o Ventor foi espreitar os pavões a Alfragide, os coelhos bravos e, na volta, foi assitir à revolta dos cisnes!

Os pavões de Alfragide, amigos do Ventor

Pelo sim, pelo não, sempre alerta

Eles sabem que o Ventor não vai lá pelas galinhas e pelos galos

A mãe Pingas e o pai Pingas já fizeram o ninho. Agora a mãe Pingas já está choca, deitada no ninho e não quer saber do Ventor para nada.

Quando o Ventor chegou ela só abriu os olhos e voltou a escondê-los debaixo das percianas e resguardados pelas penas. O pai Pingas também estava ao lado dela no ninho e ao ver o Ventor, levantou-se e disse-lhe: "estava a dormitar, Ventor! Vou ver se os malvados dos meus filhos pôem as patarronas, deles, no meu lago"!

O Ventor encolheu os ombros e ele não quis mais saber do Ventor, desceu para o lago e, diz o Ventor, até parece que meteu o turvo!

O cisne Pigas, o terror dos seus filhotes

Enquanto o Ventor conversava com a mãe Pingas, aquele desalmado experimentou dar uma trepa nos seus filhotes, mas eles fazem-lhe a vida negra. Ele diz que não os quer no lago e os filhotes chamam-lhes pai tirano e tudo. O Pingas não sabe para onde se virar. Corre atrás de um, os outros dois entram no lago. Quando ele corre atrás de outro, o que já tinha fugido, volta a entrar no lago e assim por diante. Às vezes eles ficam fora do lago a gosar com o pai, porque ele não tem a leveza dos filhotes e, em terra, eles ganham-lhe.

A mamã Pingas prepara-se para pôr os seus ovos

Eles fazem um festival e o Ventor não percebe porque não fazem tréguas e se entendem todos no lago. O Ventor já me contou que isto é mesmo a vida de cisne! Constituem família e, depois, ficam todos babados com os filhotes que tão bem zelam por eles como pais, mas quando se aproxima a nova época de acasalamento, os pais correm com os filhos para irem à procura de mundo novo. Mas estes filhos não querem saber! Dizem que nasceram num mundo civilizado e, como tal, têm de se integrar nele! Tudo isto é uma paródia para o Ventor.

O mais novo filhote, pisga-se ao mister Pingas

Depois veio ter com os patos nossos vizinhos e do meio das ervas veio um pst! Pst! Pst! ....Pssst!! Era a galinha d'água, a nossa menina! Ela disse ao Ventor que gostava de me ver e que voltou porque não há sítios decentes paras as galinhas d'água. Nenhum local onde ela possa estar presta e, por isso, voltou porque sempre está perto de nós. Agalinha gosta de nós!

Mas a luta é sem quartel!

Agora o Ventor vai pedir ao responsável pelo ambiente na Amadora (parece que é uma senhora) para deixarem resguardos para a galinha d'água quando limparem a ribeira. Devem limpar a ribeira por troços, para deixar locais para ela se esconder. Se houver boa vontade, não custa nada! O Ventor diz que temos a obrigação de ajudar estas coisas lindas perdidas em nichos do seu velho mundo que os humanos lhes roubaram.

Prepara-se para fazer uma pausa. Mais lá para o fundo

O Ventor diz-me que, antigamente, as ninfas do Tejo, aquelas que ajudaram o Camões a escrever os lusíadas, subiam as ribeiras desde o Tejo até aos mais altos outeiros que rodeavam a Amadora. Elas vinham a saltar de flor em flor, bailando em sítios como aquele onde o Ventor se encontra com os lírios e escondiam-se umas das outras entre as flores. Sim porque as Ninfas a que o Camões chamou Tágides, também brincavam às escondidas e á cabra-cega! Às vezes, até se escondiam nas penas das aves, como as galinhas d'água, os patos, as garças e ... por vezes, até aproveitavam a boleia das gaivotas que também vinham apreciar as belezas que por aqui havia, como ainda hoje fazem. O Ventor já contou creca de 60 gaivotas na serra da Mira, quando fogem ao mar bravo que fustiga a barra do Tejo.

As ninfas que, tal como as abelhas, se enchiam de pólen ao brincar nas flores, desciam as ribeiras nas asas das libelinhas e, ao chegarem ao Tejo, lavavam-se todas, ns suas belas margens, furtando-se aos olhos do Ventor.


O Quico também sonhou ao lado do Ventor. A vida solitária e nefasta dos seus amigos que observava do seu Miradouro, foi sempre, a sua grande arrelia