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A Arrelia do Quico

Somos todos filhos do Sol e amigos do Ventor

A Arrelia do Quico

Somos todos filhos do Sol e amigos do Ventor

 

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O Quico continua a observar-nos

Ele eras o mais lindo dos meus amigos. Eras o mais belo companheiro que qualquer pessoa gostaria de ter

 

 

 

 

Quico o gato Companheiro do Ventor

Hoje tenho outro companheiro, amigo do coração, a que vim a chamar Pilantras.

A tua Dona diz que foste tu e a deusa Bastet que o enviaste para nós. Parece que o nosso amigo Pilantras continua a querer  ser tal  como tu eras.

Eu até acho que foste tu que lhe deste instruções para saber conviver comigo. Em muita coisa são muito parecidos. Pelo menos, tudo indica que sim.

Mas tu adoravas animais e ele não. Nunca me esqueço da tua luta para eu salvar o besouro a afogar na água entre os tronquinhos de bambu

 

Aqui estão as janelas da Grande Caminhada do Ventor

New Jersey

New Jersey, é um cantinho, numa esquina do mundo.

New Jersey, é um lugar, grande, muito grande, um espaço muito especial! É tão especial, que faz parte da vida do Ventor, mesmo em sonhos.

Desde os quatro anos que o Ventor sonha com New Jersey. Desde há alguns anos que o Ventor sonha aparecer por New Jersey. O Ventor teve, pelo menos, duas oportunidades de aparecer por New Jersy. Uma vez que a Polícia de Emigração Americana quase o convenceu a aparecer pelo Connecticut e depois, com uma carta de chamada feita pela sua irmã, para aparecer, caído dos céus, por terras de New Jersey. (22 anos depois, os americanos perguntaram-lhe se ainda estava interessado)!

Mas não! O Ventor sempre os viu partir e chegar. Partiam sempre muito tristes e chegavam sempre cheios de saudades e de alegrias sonhadas. Era o mundo que fez sempre parte do Ventor. Outrora com mais afinco, actualmente, mais esporádicamente. Hoje o Ventor sentiu à sua volta, no Aeroporto, caras que nunca mais verá.

Mas o Ventor, por razões que não nos explica, deu com os pés nesse mundo. O mundo que o manteve sempre dividido!

Hoje, o Ventor tem a certeza que os seus sonhos de criança nunca se concretizarão. O sonho das grandes malas americanas, enfeitadas com metais quase preciosos, para o Ventor, não passou disso, mas ver a sua gente partir e chegar, foi sempre uma realidade! Tão real, tão real, que ainda hoje se concretiza.

Hoje o Ventor levantou-se muito cedo, com uma grande constipação e, com ela, quase não deixou dormir a Amadora, não deixou dormir Oeiras e não deixou dormir ninguém no Aeroporto. A minha dona não conseguiu, mas o Ventor consegue sempre. Para isso, ele só precisa de música! A sua música é meio caminho para culmatar tudo e até para arredar as gripes e constipações, mesmo que momentâneamente. E ele hoje tinha mesmo que ir ao Aeroporto despedir-se de uma bela amiga: a Carolina.

Carolina, uma das nossas belezas!

Rodando, pela madrugada, no sentido oposto ao do Aeroporto, rumo a Oeiras, o Ventor pensava no futuro da Carolina enquanto ouvia o BOSS a cantar uma canção que se chama, me parece, New Jersey, Girl. E, ouvindo essa canção pela voz do BOSS, o Ventor pensava como seria se o BOSS conhecesse a Carolina,

Quando o BOSS, em 2001, se sentou, junto ao rio, a ver as Torres Gémeas serem destruídas por fascínuras e, sabendo que não podia fazer nada, se sentou a escrever o Rise Up ... América, Rise Up, isso é prova de que as pessoas, nas horas boas como nas horas difíceis têm de fazer algo! Se ele hoje estivesse no Aeroporto de Newark a assitir à chegada da Carolina, talvez voltasse a escrever uma nova música para uma nova menina de New Jersey ou, então, escreveria uma nova música para New Jersey. «New Jersey, Rise Up, Rise Up! Carolina is coming»!

É verdade amigos! O Ventor pensa no futuro da mãe da Carolina, do pai da Carolina e, mais ainda, no futuro da Carolina. Qual será o impacto desse mundo tão diferente no futuro da Carolina? Será igual ao que poderia ser na vida de um gato? Que seria de mim se o Ventor me levasse para New Jersey? Seria um impacto igual a este som harmónico que neste momento o Neil Diamond, por pura coincidência, canta para mim aquela bela canção: Sweet Caroline?

Não sei como seria, mas só de pensar nisso, apetece-me miar muito alto! Apetece-me pensar nas New Jersey, Girls, nas Sweet Carolines e em todas as coisas boas que o mundo nos pode dar. Mas segundo o Ventor me contou, a Carolina e os pais irão fazer uma escala, em Newark, New Jersey e nem vai dar para arrumar as malas pois prosseguirão viagem até Monte Real, no Canadá, onde irão passar o Natal, com a avó da Carolina. 

Depois sim, depois a carolina começará a integrar-se no seu novo mundo, um mundo que não escolheu! Será que esse vai ser realmente o seu mundo?

O futuro nos dirá, Sweet Caroline.


O Quico também sonhou ao lado do Ventor. A vida solitária e nefasta dos seus amigos que observava do seu Miradouro, foi sempre, a sua grande arrelia

Amigos de Sempre ...

O Ventor dizia-me há dias que, quando no verão passado, passava entre as montanhas Cantábricas, tinha a sensação que ouvia sair daqueles buracos de séculos, os sons das trombetas de outrora. Que sentia no rodado das estradas das Astúrias não as botas cardadas do seu tempo, mas o som do tilintar das espadas dos companheiros de guerra do seu amigo Pelágio.

De cada encosta que se debruçava sobre os belos vales asturianos, saíam escondidas do meio das suas rochas as trombetas das forças de Pelágio e os gritos da balbúrdia dos seus homens que apelavam à vontade do Senhor da Esfera para os ajudar na luta contra os sarracenos que violavam a terra sagrada de seus avós.

                                                                                                               

Sempre bem dispostos e preparados para enfrentar as melgas

Agora o Ventor diz-me que os sons que sente, são outros! São os sons dos clarins que os cipaios tocavam ou mandavam tocar nas savanas em redor de Nova Freixo (actual Cuamba), em Moçambique. Diz o Ventor que a alvorada deles era a sua alvorada e que os jacarés do rio Lúrio e seus afluentes também acordavam ao mesmo toque.

 

Sempre aptos para prosseguirmos a nossa caminhada

O Ventor disse-me que hoje pressente esse toque como um apelo à unidade. À unidade dos “Duros do Niassa”. Ele diz-me que hoje aqueles que viveram esses tempos no norte de Moçambique, necessitam tanto dessa unidade como nos tempos passados. Diz-me também que o nosso amigo Apolo continua a iluminá-los tanto cá como os iluminou lá. A sua luz é eterna para todos aqueles que tiveram a união do combate! Ou, se quisermos, pelo que entendo do Ventor, todos podem continuar a manter os sorrisos de outrora desde que se encontrem por este país fora e continuem a sorrir mesmo quando a vida semeia à sua frente dificuldades que neste país é coisa que não falta.

 

 Sempre preparados para o trabalho, para os nossos cigarros e os nossos copos

E o Ventor continuou a sua conversa comigo:

«Agora, Quico, tocou o clarim outra vez e, ao ouvir o toque do clarim, esse toque que nos chama à unidade, verifico com pena que nunca mais estaremos todos!

Cada vez, somos menos, cada vez que Apolo nos espreita, sempre que rodamos à sua volta, poderemos ser menos! E, por isso que cada vez estaremos mais compactos. Mais unidos! A nossa união será mais a da lembrança do passado, o clarim da presença. 

Sempre prontos para o combate contra inimigos sem fim. Melgas e percevejos, sempre presentes, mas o inimigo estava por todo o lado. Por isso alguns tombaram mesmo fora do campo da batalha.

Há dias, senti presente no meu coração os meus amigos de sempre. Senti o apelo da presença e para isso tens contribuído tu Quico!

Há pouco tempo tive o grato prazer de ter a companhia de alguns dos meus amigos de sempre, daqueles a quem chamo “meus companheiros de guerra” aos quais nunca esqueci. Verifiquei que os seus cabelos estão brancos, as suas barbas estão brancas, as suas rugas mais profundas. As minhas também!

Mas os nossos corações não mudaram nada! Estão mais velhos, talvez envolvidos por arritmias ou por pancadas descompensadas, mas todos nós continuamos com os mesmos sorrisos de outrora.

É com o coração com esse mesmo coração e com um sorriso, desta vez triste, que deixo aqui a minha homenagem a um amigo desses tempos, a um amigo que partiu mais cedo. Mais um!

Até qualquer dia Puskas.

Mas antes que essa tristeza nos tocasse, também nos tocaram as alegrias do convívio de alguns de nós.

Tive o Prazer do convívio do mais “Louco” de todos os loucos;

Tive o prazer do convívio daquele que será sempre o nosso Cheka;

Tive o Prazer da companhia do mais "valente" dos valentes;

Tive o prazer do convívio de um amigo que não via há 37 anos, o Antunes;

Tive o prazer de falar, por telefone, com o nosso “Pescadinha” que estava longe, em Luanda e com o Coutinho, aqui mais perto, nos arredores do Bombarral.

O nosso amigo “Louco” deu-lhe na “gana” de fazer uma chamada às 10 e tal da manhã e conseguiu juntar quem foi possível estar presente, em Mafra, durante a tarde e uma parte da noite. Ele veio do Alentejo e o Antunes veio do Porto, onde tinha chegado vindo daquela linda terra que fora nosso palco de guerra, noutros tempos. Moçambique! Hoje será para muitos de nós, um palco de paz. Isto, só por si, mostra a grandeza e a força dos nossos laços.

Da próxima vez, estaremos, certamente, mais e, acredito, que será o Antunes a levar o nosso abraço a Moçambique.

E quantas vezes nos céus de Moçambique a esperança de rumo para um amanhã diferente


O Quico também sonhou ao lado do Ventor. A vida solitária e nefasta dos seus amigos que observava do seu Miradouro, foi sempre, a sua grande arrelia