Amigos, acho que o Ventor pirou de vez. Agora é que é!
Não lhe digam nada mas acho que ele pirou. Ai pirou, pirou!
O Ventor foi dar mais uma das suas caminhadas pelas Astúrias, pela cordilheira Cantábrica, pelos Picos da Europa, por Covadonga (podem ver aqui) mais a minha dona, o avô e a avó do Tomás e da Maria e, depois de chegar, numa conversa comigo, diz-me que ouvia o som das Astúrias soprado nos chifres dos bisontes, e espalhado por montes e vales. Nas "cuevas" dos montes Cantábricos, ele diz-me que conseguia ver os velhos sorrisos em velhos e velhas que se erguiam à sua passagem.
É lindo apreciar as belas florestas dos Picos da Europa. Ela só por si é uma beleza, mas ainda mais bela se torna integrada naquele ambiente maravilhoso
À medida que rodavam nas "carreteras cantábricas", tudo se perfilava! Cavalhos, castanheiros, abetos, amieiros, choupos, faias ... e muitas outras árvores e arbustos. Todos em uníssono saudavam o Ventor! Ele disse-me que, como sempre, lhe agradavam muito os cânticos das ninfas dos bosques e o desafio constante dos duendes que o espreitavam dos buracos dos velhos carvalhos.
Mas havia muitas mais coisas belas a aclamar o Ventor. Ao rodarem nas carreteras dos vales dos Picos da Europa e, à medida que observavam as encostas debruçadas sobre o Ventor para se certificarem da sua passagem, lá estava tudo como sempre. As sua belas "ericas", os fetos todos emproados e flores de todas as cores na porfia com eles para poderem observar o Ventor.
Belezas sem fim, nos Picos da Europa, como as «Ericas" do Ventor
Autênticas bandeiras, as dedaleiras, aos milhares emproavam-se entre as giestas e outros arbustos a espreitar o Ventor. Também rosas bravas, muito lindas de braços abertos para tentarem abraçar o Ventor. Mas toda aquela gente é também amiga do Ventor. Esperaram que ele chegasse para cortarem os fenos fazendo assim com que todos os vales ficassem perfumados à passagem do Ventor. O Ventor diz que não há no mundo melhor "cacharel" que o perfume que os fenos dos vales dos picos da Europa fazem asperfgir sobre quem passa, tal como na sega dos fenos de Adrão, em épocas passadas.
O Ventor diz que se podem juntar todos os especialistas fabricantes de perfumes por esse mundo fora que nunca serão capazes de fazer nada igual. O corte dos fenos e das flores que nasceram no seu seio, transformam tudo numa beleza bem cheirosa.
Sega do feno, num vale dos Picos da Europa. O menino está a aprender como o Ventor já aprendeu!
Por cima, cruzando os céus, lá estavam as águias, os falcões, os corvos e outras rapaces, todos aclamando o Ventor. E, saltitando, de galho em galho, as pegas rabudas, os gaios, os pica-paus, e todas as restantes belezas penudas, amigas do Ventor.
Agora o Ventor diz que só me tem a mim, o seu peludo preferido. Mas, só de o ver tão contente, só de o ouvir contar-me estes pedacinhos da sua última caminhada, eu também estou contente, pois sempre que ele me abandona apetecia-me arranhá-lo todo à chegada! Mas ao ouvi-lo, também me apetecia estar lá, no meio dos fenos, de focinho no ar, a apreciar o cheiro dos cacharéis dos vales cantábricos.
Mas deixei para agora o melhor momento desta caminhada do Ventor. Foi quando ele admirava belezas sem fim e se imiscuíu por entre as flores da encosta e, do meio de todas as belezas presentes se levantaram, como deuses, os raminhos do S. João. Há cerca de 45 anos que o Ventor não viu mais as suas belas florzinhas azúis! E ele até andava por aqui a tentar desenhar uma florzinha dessas para colocar no Blog Flores da Vida, mas estava cheio de dúvidas num ou outro aspecto. Felizmente, para ele, descobriu-as nos Picos da Europa. Eu calculo a alegria do Ventor ao ter um encontro inesperado com as suas belezas de criança.
Os "raminhos" do S. João. Era com estas florzinhas azúis que o Ventor fazia os raminhos para a sua mãe
Ele disse-me que as olhou e o seu coração começou a bater com mais força, ao ficar a saber que elas, afinal, ainda vivem para ele. Sabem que ele quis cortar uma para fotografar bem e mostrá-la a mim e a vós, mas não foi capaz?! Fez-lhe uma festa, enviou-lhe um beijinho com a mão, e agradeceu a todas elas por se terem mostrado ao Ventor. Assim, quase posso afirmar que tudo o que o Ventor queria, ele viu.
Cumprimentou o seu amigo «El Cid", em Burgos, cumprimentou o seu amigo Pelágio, em Covadonga, e para seu espanto, viu os lagos de Covadonga rodeados de gado, a pastar. Bastante gado! Quase parecia que estava em redor da Pedrada muitos anos atrás, quando ainda miúdo via o Curral do Pai, a Seida, a Corga da Vagem, o Muranho, a Naia, os Bicos cheios de gado das aldeias em volta. Tal como então, ele conversou com as vacas e com os vitelinhos e apreciou a meiguice com que as mamãs vaidosas lhe apresentavam os seus filhotes.
Não são os bisontes de outrora, em redor das Cuevas de Altamira, mas são as vaquinhas que o Ventor sempre gostou e sempre gosta de apreciar. Elas são maravilhas neste mundo
E pronto! Eu sei que não estive lá, mas se o Ventor me diz que os Picos da Europa são dignos de serem fiéis representantes das Belezas da Natureza deste mundo, quando a votação estiver rolando sobre "las carreteras de la Blogosfera", podem votar neles. Os Picos da Europa podem muito bem vir a ser votados para as Maravilhas da Natureza!
Estejam atentos, porque o Ventor, certamente, mostrará ao mundo as belezas cantábricas e dos seus arredores.