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A Arrelia do Quico

Somos todos filhos do Sol e amigos do Ventor

A Arrelia do Quico

Somos todos filhos do Sol e amigos do Ventor

 

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O Quico continua a observar-nos

Ele eras o mais lindo dos meus amigos. Eras o mais belo companheiro que qualquer pessoa gostaria de ter

 

 

 

 

Quico o gato Companheiro do Ventor

Hoje tenho outro companheiro, amigo do coração, a que vim a chamar Pilantras.

A tua Dona diz que foste tu e a deusa Bastet que o enviaste para nós. Parece que o nosso amigo Pilantras continua a querer  ser tal  como tu eras.

Eu até acho que foste tu que lhe deste instruções para saber conviver comigo. Em muita coisa são muito parecidos. Pelo menos, tudo indica que sim.

Mas tu adoravas animais e ele não. Nunca me esqueço da tua luta para eu salvar o besouro a afogar na água entre os tronquinhos de bambu

 

Aqui estão as janelas da Grande Caminhada do Ventor

A galinha de água

Olá, Quico! Eu sou a Isabelinha, uma galinha de água, muito amiga do Ventor.

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A nossa amiga galinha de água chamada Isabelinha

Resolvi escrever-te porque corre por aí, de bico em bico, que tu agora irias passar a receber correio de todos os animais que te quisessem comunicar alguma coisa da sua vida. Eu sei que o Ventor já te fez amigo de todos os animais mas que não gostas de sair de casa. Por isso, não podes apreciá-los como o Ventor faz quando, nas suas caminhadas, os procura para falar com eles e ver como eles vivem.

Além do que o Ventor te conta, e o Ventor não mente, conto-te alguma coisa da minha vida e dos meus amigos. Sim porque nós também temos os nossos amigos e não podemos confiar em mais ninguém. Nem nos outros animais de que o Ventor te fala, nem nesses outros animais também de duas patas e que se dizem humanos. Só abrimos uma excepção para o Ventor.

Eu vivo com um grupo de amigas e amigos aqui num ribeiro que mais parece uma espelunca, porque os homens o estragaram. Disseram-me os meus pais antes de os homens os matarem para os comerem, que já os meus avós lhes contavam que os seus avós e os avós dos avós deles, até aos princípios do Mundo, viviam num Paraíso. Já ouviste falar num Paraíso, onde os animais eram todos felizes, Quico? Claro que já! Ou o Ventor não te contasse!

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Estes são os únicos verdadeiros amigos que temos. Os dois sofremos intensamente a predação do homem

Pois olha. Aqui onde eu vivo reza a história da nossa ascendência, que era um perfeito Paraíso. Nestes ribeiros em volta de Lisboa, a água era límpida e brilhava todos os dias para Apolo sempre que ele passava arrastando sobre o nosso mundo o seu robe flamejante das cores mais lindas que possas imaginar. As musas das nascentes desciam os ribeiros sempre a cantar, glorificando o Senhor da Esfera, nas alturas e, ao entrarem no rio mais belo do Mundo, o rio Tejo, juntavam-se com as Tágides e dançavam e cantavam todas felizes e mais ainda quando o Ventor aparecia junto com o nosso amigo Apolo.

Às vezes o Apolo ia-se embora e o Ventor ficava por aqui com Diana, a sua amiga e os dois passeavam nos ribeiros e brincavam no meio destes vales cheios de flores maravilhosas, como faziam no Eufrates e noutros rios do Mundo. Depois, mal Apolo partia, as musas das fontes voltavam a subir os ribeiros até às suas nascentes onde adormeciam, e no dia seguinte, logo que Apolo voltava a aparecer, no horizonte, a felicidade das musas fundia-se com a felicidade das galinhas de água e todas juntas voltavam a descer e a subir os rios. As musas pegavam os pintainhos das galinhas de agua, davam-lhe beijinhos e voltavam a colocá-los junto dos pais babados.

Mas hoje já não é assim, Quico! As nossas águas estão tão poluídas, tão poluídas, que até as flores que nascem junto dos ribeiros perderam os seus odores e ficaram sem aqueles perfumes naturais que nos encantavam e ganharam outros odores pestilentos, nauseabundos. Na água aparecem todos os tipos de venenos químicos, além de latas, plásticos, panos, papéis, borrachas, vidros, animais mortos. Um horror, Quico! Se calhar, fazes bem não quereres acompanhar o Ventor!

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As ratazanas nadam muito bem. Quando se cruzam connosco, na água, elas mergulham e passam por baixo

Hoje vivemos doentes, com toda a pestilência que nos rodeia. As ratazanas que esperam sempre uma distracção nossa para nos roubarem os nossos filhotes muito pequeninos andam doentes e basta uma dentada deles para que os nossos já não sobrevivam. A nossa grande luta é com o homem e depois com as ratazanas. Aparecem aqui homens piores que as ratazanas. Procuram matar-nos de todas as maneiras que possas imaginar. O Ventor disse-me que quer ele, quer Apolo e todos aqueles que procuram o nosso bem, pelo menos, enquanto vivemos, não conseguem domesticar este animal feroz. E também me disse que não tardará muito, o Senhor da Esfera não dará a esperança de mais uma Barcaça como a do seu amigo Noé!

Mas olha, Quico, podias vir ter connosco um dia destes, pela fresca da manhã ou ao cair da noite, na companhia do Ventor. Verias como tudo que o Ventor te diz e o que eu agora te escrevo, é verdade. Não faças como os humanos que poderiam fazer qualquer coisa pelo seu ambiente e pelo nosso. Não te enclausures na tua concha! Grita ao mundo como está tão errado na forma como se conduz. Vamos morrer todos, Quico! Não eu, ou tu, ou o Ventor. Vão morrer todas as espécies que habitam o 3º Planeta. O Planeta Azul! Um aceno de asa para ti e o nosso amigo, Ventor. Não te mando um "bico" porque te posso pegar as nossas doenças.


O Quico também sonhou ao lado do Ventor. A vida solitária e nefasta dos seus amigos que observava do seu Miradouro, foi sempre, a sua grande arrelia

O Patinho Feio

Agora os amigos do Ventor passaram a escrever-me! Como eles apenas se querem dar a conhecer ao mundo, e não há segredos entre eles, o Ventor e eu, sempre que eles me digam que posso publicar o que me escrevem, assim farei.

Já tenho algumas comunicações de vários amigos, mas vou começar pelo Patinho Feio.

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Para mim ele é muito bonito, mas é ele próprio que se diz o Patinho Feio. Então aqui vai o que diz este nosso amigo, meu e do Ventor! ______________________________________

Olá, Quico!

Eu sou o Patinho Feio da Quinta! Como já deves saber, sabes com certeza, porque o Ventor, já sei, conta-te tudo.

Sou apenas mais um patinho que estabeleceu aqui arraiais. Não me perguntes como vim cá parar, porque isso não sei. Nunca me contaram!

Sei que fiquei lesionado e adoptaram-me neste local muito lindo. Mas olha Quico, diz ao Ventor que gostei muito de o ver por cá. A visita dele foi um bálsamo para nós. Aqueles reguilas do Tomás e da Joana, também foram simpáticos.Pudera! Com o Ventor junto deles não têm tempo para cometer asneiras sobre os bichos, porque aparece cá cada um!

Há miúdos que só nos mandam pedrinhas e tentam dar pontapés ao mesmo tempo que nos dão comer para chamariz e muitas vezes os pais fazem vista grossa porque acham muita piada às asneiras que os filhotes deles praticam. Esses pais são uns autênticos ET's. Sabes o que são ET's, não sabes Quico? Se não souberes pergunta ao Ventor que ele sabe tudo, ou quase!

Gostei muito de ter por aqui a visita do Ventor, da Joana e do Tomás, Quico. Porque não apareces por aqui um dia com eles? Pois, desculpa! Eu sei que os gatos de fora aqui não são permitidos, mas aqui também há gatos e ás vezes bem chatos! São chatos quando querem brincar, sabes? E então a mim, apanham-me coxo, nem queiras saber! Sei que nessas alturas se cá estivesses terias que andar sempre às arranhadelas a eles!

Os nossos tutores fazem o que podem. Às vezes, para não arranjarem chatices com os pais dos meninos, vêm o que se passa mas fazem de conta que não vêm nada. O Ventor topou tudo, pergunta-lhe! Depois conto-te mais. Por agora, apenas um aperto de asa deste teu amigo penudo, o Patinho Feio, cá do Maralhal!


O Quico também sonhou ao lado do Ventor. A vida solitária e nefasta dos seus amigos que observava do seu Miradouro, foi sempre, a sua grande arrelia

Os bichos do Ventor

Quando o Ventor vai dar as suas passeatas, aquelas célebres caminhadas de que nos fala, eu fico sempre à espera de novos bichos.

Mas nem sempre ele consegue apanhar o que gostaria. Depois fala-me deles como se estivesse a marcá-los para os meter numa nova Arca do seu amigo Noé. Quando ele me fala dos bichos eu chego a convencer-me que, um dia destes, ele acabará por os trazer cá para casa em gaiolinhas e não na máquina fotográfica. Mas ele já deve saber que nenhum bicho gosta de gaiolas e eu servi-lhe de exemplo. Cada vez que ele me metia numa gaiola que lhe custou uns bons pares de euros, ainda em escudos, eu ficava sem ar e transpirava e quase morria de susto! Por isso ele dizia que eu não era um gato normal. Como é que ele queria que eu fosse um gato normal? Eu fui abandonado ao Deus dará. Estava sempre a ser atropelado pelos meus companheiros, em fuga.

Resisti às fisgas e flaubers dos ciganos e doutros nhurros, e só, sem forças e inanimado de cansaço me apanharam. O Ventor, por minha causa, ganhou tanto pó a essa gaiola que acabou por a dar e agora leva-me nos braços. Por isso, é que quando eu chego a casa, logo nas escadas, peço-lhe para me por no chão e mal ele faz o gesto já eu estou a formar o impulso para o pulo. É nesse momento que eu lhe cravo as unhas num braço! Mas quanto aos outros bichos que ele vai fotografando, ele sente que o mundo é mais bonito quando os vê e penso que nunca usará uma gaiola para eles.

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Este gafanhoto, faz o Ventor recordar-se dos velhos tempos, mas tempos em que o verde predominava e os gafanhotos pastavam e não passavam fome. Quando levantavam voo, as suas asas no ar pareciam um campo florido, tal a variedade de gafanhotos e as cores das suas asas abertas, pelos vales das suas montanhas.

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Formigas nas amoras

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Como noutros tempos, as formigas vão às amoras das silvas e levam para casa aqueles pedacinhos redondos, como se fossem ao supermercado carregar frascos cheios de um belíssimo doce acre, silvestre.

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Como as formigas, também as abelhas e as vespas se empanturram dos doces gostosos das amoras de silvas que tanta fome e sede matam no mundo em dias de canícula.

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Mas até as borboletas vão às amoras, embora o Ventor não lhes tirasse fotos lá, elas andam pelas silvas, nas pedras e nos matos secos.

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Mas também o Ventor devia ter mais cuidado e não estragar os amores das borboletas. Ele diz que num local pequeno, as borboletas pareciam que estavam na Ilha dos Amores de que nos fala o Grande Camões.

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Por ali, não muito longe, ainda continua a pingar a água, salvação de toda esta bicharada neste belo local, um nicho encravado no meio do nada. Ali os passarinhos vão beber, as rolas, os pombos, as andorinhas, os coelhos e todos os outros. É uma beleza, nesta canícula ver a água continuar o seu caminho para Bombaça!


O Quico também sonhou ao lado do Ventor. A vida solitária e nefasta dos seus amigos que observava do seu Miradouro, foi sempre, a sua grande arrelia

O Rato

Bolas, que este é quase do meu tamanho! Vejam lá se o Ventor se lembra de trazer o rato em vez da foto do rato! Para vosso conhecimento, este rato não estava só. Tinha todo o clã com ele. Todos fugiram mas este parou para dialogar com o Ventor! O Ventor acha que era o chefe, pois só o chefe pode dialogar com os humanos.

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A ratazana

A piada é que os ratos proliferam por ali e os patos bravos, amigos do Ventor, têm de conviver com eles. O Ventor diz que alguns dos patinhos que foram nascendo neste ribeiro foram desaparecendo quando ainda pequeninhos, e deve ser uma luta de titã a sua mãe defendê-los desta bicharada, chamada ratazanas!

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Patos que estavam a dormir a sesta

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Nadando acompanhando o Ventor em terra

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Subindo a corrente da seca para continuarem a ver o Ventor a seu lado

Estes são amigos do Ventor. O Ventor acompanha-os desde que nasceram e a sua mãe os escondia toda atarefada. Depois conviveram sempre. O Ventor nas suas caminhadas, sempre que podia, fazia uma visita aos seus amigos. Estes são os chamados patos reais. O pai destes meninos sumiu já há algum tempo. O Ventor nunca mais o viu mas a sua mãe foi uma heroína.

São criados na vida selvagem, mesmo às portas de Lisboa.

As galinhas d'água desapareceram. Pelo menos o Ventor não as tem visto. No grupo das galinhas d'água havia uma pedrez! Será que há por aí caçadores furtivos?

Parece impossível que ande por aí tanta gente a fazer mal a estes bichinhos tão lindos.


O Quico também sonhou ao lado do Ventor. A vida solitária e nefasta dos seus amigos que observava do seu Miradouro, foi sempre, a sua grande arrelia

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