Avestruz, uma Amiga
Num raid sobre o Alentejo, o Ventor e a Avestruz olharam-se, olhos nos olhos.
A avestruz fixa o Ventor
Numa terra a que chamam Cuba, mas esta, a alentejana, o Ventor olha a secura da paisagem e encara com duas avestruzes. O dono do meu amigo Zé parou o carro para que, na margem da estrada, o Ventor e as avestruzes dialogassem sobre este mundo. Quando as avestruzes se aperceberam que era o Ventor, logo se encaminharam para a vedação.
Uma das avestruzes só parou junto à vedação olhando fixamente o Ventor
Mas o Ventor começou logo a falar com ela e quando o Ventor se encaminha para as galinhas, suas amigas africanas que também ali estavam, ela acompanhou-o com umas passadas e com o olhar. O Ventor continuou a dialogar com a avestruz e pediu-lhe para levar o seu cativeiro da melhor maneira possível porque, afinal, somos todos cativos de uma rede qualquer ou de algum instrumento de tortura.
A prisão, sobretudo, para quem a não merece será certamente muito desagradável instrumento de tortura e o Ventor sabe como isso é, pois sente que estamos sempre aprisionados a algo que nos desagrada. Também desagradará à avestruz estar longe da terra que a viu nascer. Ela veio aprisionada para longe e se o Ventor está longe da terra onde nasceu, já é diferente, pois saiu de lá por vontade própria. Então, na brincadeira, disse à avestruz que o melhor era levar a vida o mais alegre possível, mesmo dançando e o Ventor fez o gesto como era. Para estupefacção do Ventor, a avestruz começou a dançar com ele imitando-o. A malta no carro ria-se, o ventor ria-se e a avestruz continuava a dançar. Mas que beleza de animal! A dançar!
Uma foto da avestruz a dançar Só visto, diz o Ventor! Se fosse filmado daria uma bela sequência de imagens e o Ventor nem se recorda que a máquina filma! Mas riram-se todos e todos ficaram a gostar da avestruz que continuava a dançar.
Amigos para sempre
O Ventor entrou no carro e seguiram viagem e a avestruz continuou a olhar sobre a vedação e até parece que lhe pedia para ficar também! Este é um dos muitos animais que o Ventor não conheceu em África mas conheceu-os no Algarve e no Alentejo e já tem saudades deles.
No Algarve terão havido centenas deles perto de Vila Moura. A última vez que lá passou, não há muito tempo, já não estava nenhum. Em Vila Nova de Milfontes também havia avestruzes e parece que já não há nada. Mas no meio da tristeza das avestruzes, diz o Ventor, também cabe o seu lamento. O homem não as trouxe por amor ou pela agradabilidade da sua companhia. Trouxe-as para explorar! Afinal a única coisa que o homem sabe fazer. Explorar tudo! Certamente, diz o Ventor que, quando voltar a passar pela Cuba alentejana, já lá não haverá avestruz nenhuma a olhar para si e muito menos a dançar para ele ou com ele.